uma vez mamífera

… sempre mamífera.

sobre mãe, filhas, bruxas e mulheres

CASADAMATAP-15

filhas e mãe. mãe, e filhas.

nós três. mulheres pequenas e grandes. mãos dadas pela vida afora, procurando existir, viver coisas bonitas e sobreviver num mundo que nos nega direitos apenas porque somos mulheres.

minhas três meninas me ensinam todos os dias. sobre resiliência. sobre delicadeza. sobre a poesia das coisas minúsculas. sobre transformar e sobre deixar-se transformar. sobre crescer junto, na luta, na brincadeira, no riso e na dor.

somos as netas e as bisnetas das bruxas que não puderam queimar. somos mulheres em um tempo e espaço em que ser mulher ou é render-se, ou é lutar. e nós escolhemos lutar. eu escolhi lutar. e trazê-las comigo.

todos os dias quando eu acordo, quando vou vivendo mais um dia e olhando para os lados, quando leio sobre atrocidades, abusos, violências, violações, projetos de lei que nos assaltam direitos, vozes reacionárias que nos negam dignidade, balidos ignorantes que nos querem submissas, entregues e dóceis, eu penso em desistir. penso em largar os braços ao longo do corpo, em rendição. penso em sucumbir ao cansaço.

aí, elas vêm. elas, tão pequeninas e tão gigantes. tão inocentes, e tão sabedoras de tudo o que é preciso saber. elas me olham direto nos olhos, em desafio. cantarolam-me aos ouvidos os versos que aprenderam comigo. balançam-me no rosto os seus cachinhos bagunçados e rebeldes, lançam-me olhares cúmplices e os sorrisos mais valentes já vistos sobre a terra e me convidam silenciosamente a, mais uma vez, continuar. seguir. persistir. perseverar. de novo, acreditar.

a maternidade me abriu os olhos para o feminismo, como me abriu os olhos para tantas coisas. eu já era feminista, sem saber. agora eu sei. e grito.

eu sou feminista por mim.
eu sou feminista por elas.
eu sou feminista por todas.

juntas, somos mais fortes.

feliz dia das bruxas que somos todas nós.

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